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Projeto Bem-estar subjetivo e personalidade

Temos como objetivo conduzir e promover pesquisas com gêmeos sobre processos psicológicos e comportamento ligados à expressão de emoções, bem-estar e felicidade, com especial interesse em estilo de vida, promoção de saúde e prevenção de doenças. A partir da avaliação destes aspectos e da comparação entre gêmeos monozigóticos (que compartilham 100% dos genes), dizigóticos e irmãos não gêmeos (que compartilham 50% dos genes), é possível investigar a herdabilidade de traços psicológicos, permitindo o estudo da influência de fatores genéticos e ambientais na felicidade e bem-estar subjetivo. Estes resultados têm importantes implicações potenciais para a prevenção de problemas de saúde mental.

Podemos distinguir processos “bottom-up” e “top-down” que influenciam o BES. No início do campo de estudo do BES, o foco eram os processos bottom-up, ou seja, eventos e situações externas, variáveis demográficas (e.g., saúde, renda, religião, estado civil, idade, sexo, escolaridade). No entanto, em 30 anos de pesquisa sobre BES foram encontradas magnitudes de efeito baixas paras as variáveis externas e objetivas (Diener et al., 1999; Diener et al., 2003), com resultados muitas vezes inconsistentes. Revisões destas três décadas de pesquisa mostraram que variáveis demográficas explicavam apenas de 8 a 20% da variância do BES . O estudo dos processos top-down revelou-se mais esclarecedor. Foram encontradas magnitudes de efeito elevadas para variáveis internas (e.g., personalidade, autoestima, otimismo).

A personalidade é o principal preditor de BES. Um dos principais modelos para explicar a relação entre bem-estar e personalidade é o de que existem predisposições genéticas, ou seja, diferenças individuais. Indivíduos com determinadas características de personalidade seriam mais propensos a experimentar certos tipos de eventos. Entre os principais achados dos traços de personalidade como preditores de bem-estar, tem-se o neuroticismo como um preditor negativo, e a extroversão como um preditor positivo. Além disso, a amabilidade e a conscienciosidade são considerados preditores positivos adicionais. Por sua vez, a abertura à experiência é considerada um preditor fraco de bem-estar (Shimmack, 2019; ver também Nunes, C. H. S., Hutz, C. S., & Giacomoni, C. H. (2009).

O presente estudo tem como objetivo estimar a herdabilidade do bem-estar subjetivo e da personalidade em uma amostra brasileira. É um estudo pioneiro com gêmeos brasileiros em uma perspectiva psicológica e comportamental, além de investigar a herdabilidade em um país marcado por diferenças sociais e diversidade populacional. A área de pesquisa de bem-estar é recente e há pouquíssimos estudos com gêmeos no país. O conhecimento produzido como resultado da pesquisa realizada numa escala global é claramente marcado por uma super-representação de algumas populações de gêmeos (ex, USA, UK, Austrália) e sub-representação de outras (ex, países da América Latina e do continente africano) (Polderman et al., 2015). Herdabilidade é uma propriedade de uma população. É uma medida estatística definida em relação a uma determinada população e a um determinado ambiente. Ao alterar a população ou o ambiente, a hereditariedade pode mudar. O Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, economicamente heterogêneo e um caldeirão de diversidade étnica e cultural, com muito a oferecer para a pesquisa sobre questões relativas ao comportamento de gêmeos.

Nossos objetivos neste projeto são: 1. Comparar níveis de bem-estar entre pares de gêmeos MZ, DZ e não-gêmeos; 2. Comparar traços de personalidade entre pares de gêmeos MZ, DZ e não-gêmeos. Nossas hipóteses são: 1. Gêmeos MZ serão mais similares em aspectos de bem-estar e personalidade do que gêmeos DZ; 2. Gêmeos MZ e gêmeos DZ serão mais similares em aspectos de bem-estar e personalidade do que irmãos não-gêmeos.

A amostra será composta por pares de irmãos brasileiros (gêmeos MZ, DZ e não gêmeos (NG)), com idade mínima de 18 anos. Pretendemos chegar a N = 100 pares de gêmeos, sendo 50 pares de MZ e 50 pares de DZ. Pretendemos, ainda, chegar a N = 50 pares de NG. Ao longo da coleta, buscaremos equilibrar a distribuição por sexo e zigosidade. Os critérios de inclusão serão: 1. irmãos biológicos, 2. criados juntos, 3. maiores de 18 anos, 4. irmãos de mesmo sexo, 5. ambos os irmãos de um par terem respondido a pesquisa (ou seja, pares completos), 6. a diferença de idade entre os irmãos não-gêmeos será de 2 anos ou menos.

Eles irão responder um Questionário de Personalidade, o Inventário Reduzido dos Cinco Grandes Fatores de Personalidade (IGFP-5R) de 16 itens, o instrumento de Satisfação com a vida, um Questionário de Bem-estar Emocional para avaliação de sentimentos positivos e sentimentos negativos e a Escala de Cantril. A coleta de dados será realizada online através da Plataforma Google Forms.

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